Dinheiro em espécie vai acabar?

Capa - O dinheiro em espécie vai acabar

Pagamentos via cartão de crédito, PIX, transferência bancária e boletos por QR Code são exemplos de como os métodos de pagamento vem não só se digitalizando cada dia mais, como também se tornando populares entre os usuários pela praticidade. Com este avanço rápido e prático, fazer uma pergunta se torna inevitável: o dinheiro em espécie vai acabar?

Antes de entrar neste tópico, vale uma explicação sobre como chegamos ao ponto de utilizar o dinheiro em espécie, que também pode ser conhecido por nomes como dinheiro vivo, dinheiro físico, dinheiro real, papel-moeda ou cédula.

A transação através de cédulas monetárias nasceu da evolução no “processo de troca”. Em tempos mais antigos, em que o principal bem vinha da terra, os pagamento eram realizados através de meios naturais, com especiarias e ervas. Com o progresso da sociedade e a descoberta de novos recursos, o processo de troca começou a ser feito com metais, como ouro e prata.

Depois disso, após alcançarmos meios de mensuração mais exatos, nos aproximamos do que conhecemos hoje com a cunhagem de moedas; para por fim, chegarmos ao dinheiro em espécie, que substituiu os antigos recibos de trocas.

O dinheiro em espécie diz respeito às notas e moedas do dinheiro, ou seja, em sua forma não virtual. Baseados em dados colhidos pelo Banco Central do Brasil em 2018, o dinheiro em espécie era um meio muito popular, sendo aceito por 99% dos estabelecimentos comerciais brasileiros. E ao contrário dos que muitos pensam, um número significativo destes estabelecimentos continua aceitando somente pagamento à vista em dinheiro.

Um monte de notas de dinheiro em espécie espalhados. As notas são grande parte de 100 e 50 reais.

Ainda que uma quantidade considerável de pessoas continuem a escolher o dinheiro físico, vemos uma diminuição de seu uso no dia a dia. 

O Banco Central realizou uma pesquisa em 2018, em que demonstrou que o dinheiro em espécie ainda era o método de pagamento escolhido por 96,1% da população brasileira. 
Agora, em outro estudo, ministrado pela Fundação Dom Cabral em 2021, foi observado que esse número caiu para 53,4% no ano passado. Isso significa que no espaço de dois anos, a fatia dos que preferem o dinheiro físico caiu quase pela metade.

A importância do dinheiro em espécie

Apesar do rápido processo de digitalização que está abalando o mundo financeiro, ainda há alguns fatores que tornam o dinheiro em espécie imprescindível e vital para economia e sustento de muitos brasileiros.

O primeiro ponto refere-se à economia, já que muitos acreditam que o dinheiro em papel torna mais fácil e tátil a contagem de recursos e auxilia para maior controle de gastos.

O segundo ponto baseia-se na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgada em abril de 2020, que informa que um em cada quatro brasileiros não têm acesso à internet, totalizando cerca de 46 milhões de brasileiros offline no país.  

Esta porcentagem sobe ainda mais se considerarmos somente pessoas que vivem em áreas rurais, que chega a 53,5%.

Isso significa que para quase metade da população brasileira, métodos físicos de pagamento como o dinheiro vivo não são só mais uma opção na mesa, mas uma necessidade real. Pode ser um choque, mas há lugares tanto no Brasil quanto no mundo em que ter o pagamento digital como única opção está longe de ser realidade.

Na mesma linha de Dinamarca e Suécia, que em 2021 começaram a permitir que algumas lojas negassem pagamentos em dinheiro; em 2016 foi apresentada uma proposta que visava o fim do papel-moeda no Brasil. Apesar das discussões, a ideia acabou não indo para frente. 

Então, o dinheiro em espécie vai acabar?

Não só a constante evolução do mercado financeiro estimulou o surgimento de mais meios eletrônicos de pagamento, como a rápida popularização destes meios vem aumentando a discussão sobre a relevância do dinheiro em espécie. 

Em relação ao sucesso das ferramentas digitais de transação, damos destaque para o Pix. O meio de pagamento instantâneo do Banco Central continua a crescer e se destacar pela rápida aceitação da população; foram mais de 140 milhões de transações efetuadas através do Pix desde dezembro de 2020.

Quer saber mais sobre o Pix Parcelado? Clique aqui e leia nosso artigo sobre o assunto. 

Imagem que com desenho que representam diversas formas de pagamento, mostrando cartão, maquininha e dois celulares.

A pandemia também ajudou a acelerar este processo, visto que as medidas de distanciamento social aumentaram a necessidade das pessoas terem soluções cada vez mais digitais para pagamentos e transações. Vale ressaltar que neste período, alguns comércios chegaram a proibir o pagamento através do dinheiro em espécie por causa da alta taxa de contaminação. 

De acordo com dados colhidos pelo Data Nubank, a pandemia foi uma grande catalisadora dos instrumentos digitais de pagamento, ao agilizar o processo de digitalização em três anos.

Pode parecer surpreendente, porém a popularização dos meios digitais de pagamento não significaram a diminuição do dinheiro em espécie. Ao contrário, a demanda pelo papel-moeda também cresceu durante a pandemia. 

Inclusive, o Banco Central comunicou a criação de uma nota de R$ 200 por causa do recente processo de entesouramento passado pelo Brasil, que começou a ter uma grande quantidade de pessoas armazenando dinheiro em papel em suas residências.  

De acordo com a estimativa anual feita pelo Banco Central, o esperado para 2020 (ano que iniciou a pandemia) era de que o auge de dinheiro em circulação fosse de 301 bilhões de reais no final do ano. Só que já em abril, no começo da pandemia, o pico foi de 342 bilhões de reais, número que extrapolou o calculado. 

O Banco Central explica tal acontecimento pelo fato das pessoas ainda confiarem mais no dinheiro em espécie e nutrir certa desconfiança com o meio digital, tornando natural que em períodos de incerteza as pessoas prefiram as reservas de dinheiro físico que estão acostumadas.  

Como funciona esta transição no resto do mundo? 

Não é só no Brasil que podemos observar esta transição dos meio físico para digital no mundo financeiro. Baseada em uma pesquisa feita pela Bloomberg, nos Estados Unidos os valores totais do uso do cartão de débito ultrapassaram o dinheiro vivo em 2018, inclusive durante a pandemia alguns negócios também proibiram o uso de dinheiro por causa de medidas sanitárias corporativas e governamentais.

No outro lado do globo, na China, o próprio Banco Central também aderiu ao processo de modernização e começou a trabalhar em um plano para criação de sua própria moeda virtual de pagamento via QR Code. Método que visa concorrer com aplicativos como WePay e AliPay.  

A Suécia tem o mesmo plano, mas justifica a ideia como uma forma mais eficaz de segurança para evitar crimes como a sonegação de impostos e lavagem de dinheiro. 

Já na Europa, o Banco da Finlândia tem o objetivo de, até o fim de 2029, estar totalmente livre do dinheiro em espécie, dando vez para os “métodos de pagamentos acelerados” como o pagamento por aproximação. 

Conclusão

Apesar de tudo mencionado acerca dos métodos digitais de pagamento cada vez mais presentes e populares, é pouco provável que o dinheiro em espécie acabe em um futuro próximo.

Mesmo que não chegue ao fim, podemos dizer com certeza que estamos caminhando para um mundo com cada vez menos dinheiro em papel disponível e circulando. Afinal, os benefícios imediatos de digitalizar o meio dos pagamento são inegáveis e trazem uma redução considerável nos custos e burocracia que envolvem a produção, armazenamento e documentação de transação.

O importante durante este processo é realmente garantir que toda a transição de um meio para outro seja feito de forma gradual e inclusiva. Sem que haja a exclusão de parcela da sociedade. 

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